Foi nas palavras diretas de Florestan Fernandes que a afirmação de Milan Kundera, de que “a luta do homem contra o poder é a luta da memória contra o esquecimento”, encontrou verdadeira precisão histórica, na forma e no conteúdo: “(...) especialmente em nosso país, mentalmente colonizado, no qual a memória coletiva dura instantes. Às vezes, chega a durar semanas, meses ou anos: mas a memória é curta, passageira, e as pessoas podem cair rapidamente no esquecimento, enquanto se repetem ocorrências que são desastrosas para o país”.
A Diretoria da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Amazonas (ADUA) – Seção Sindical do ANDES – Sindicato Nacional, neste 08 de janeiro de 2025, há dois anos do “dia da infâmia”, como já declarou Cármen Lúcia, ministra do STF, vem a público reafirmar que o Brasil precisa recuperar os caminhos da luta pela construção de um Estado Democrático de Direitos, como está formalmente definido no Art. 1º da Constituição da República Federativa do Brasil.
Bem ao contrário da fácil retórica burguesa, que alardeia a democracia como valor universal, abstrato, sem conteúdo histórico, o de que mais precisa o Brasil é recuperar o sempre travado processo de democratização de direitos. Direitos universais? Sim. Direitos históricos? Seguramente. Porque, de forma inarredável, trata-se de uma construção a partir do protagonismo da classe que vive do trabalho e única que produz riqueza. Democracia como poder do povo, não de poucos.
Para que sejam contidos os espectros do golpismo e do obscurantismo que glorificam um passado que há muito deveria ter sido sepultado, a luta deve ser coletiva e contínua. Não há saída fora da política, da política tensionada por duas forças: a força do poder e a força da razão e da justiça. Sem a força da razão e da justiça o poder torna-se brutal e tirânico. Por isso, e pela atualidade de seu pensamento, vale a pena voltar ao que escreve Pascal:
A justiça sem a força é impotente; a força sem a justiça é tirânica. É preciso juntar a justiça e a força; para consegui-lo, é preciso fazer com que o que é justo seja forte e o que é forte seja justo.
Neste 08 de janeiro de 2025 é preciso reafirmar: DITADURA, NUNCA MAIS! SEM ANISTIA PARA GOLPISTAS!
Diretoria da ADUA – Seção Sindical
Biênio 2024-2026
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